Divulgação do Projeto: "Estudo de cadeias de suprimentos sustentáveis de produtos com valor agregado de frutos do Cerrado para uso industrial e geração de renda para comunidades extrativistas do nordeste de Goiás".

Coordenador do Projeto UFG: Prof. Dr. Maico Roris Severino - Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT/UFG).
Equipe UFCAT: Profa. Dra. Lorena Ramos Freitas de Sousa e Prof. Dra. Richele Priscila Severino – Instituto de Química (IQ/UFCAT).

O projeto conta com financiamento da FAPEG: Chamada Pública 04/2021 - Soluções para Conservação da Natureza no Nordeste Goiano.

No Cerrado, há muitos tipos de frutos nativos ricos em vitaminas, minerais e diversas substâncias com funções relacionadas à proteção do organismo frente ao estresse oxidativo, bem como a prevenção de enfermidades. Destaque pode ser dadoao baru (Dipteryx alata), pequi (Caryocar brasiliense), jatobá-do-cerrado (Hymenaea courbaril), buriti (Mauritia flexuosa), cajuzinho (Anacardium humile) emangaba (Hancornia speciosa), comumente encontrados na região nordeste do Estado de Goiás. Devido aos seus valores nutricionais elevados e características sensoriais atrativas, normalmente esses frutos são comercializados informalmente por comunidades extrativistas locais para consumo in natura ou minimamente processados, na forma de licores, sorvetes e geleias. No entanto, isso corresponde a uma parcela em torno de 20 a 30% da massa total destes frutos, sendo a maior parte considerada subprodutos ou resíduos. Nesse sentido, um grande desafio é explorar o patrimônio genético de forma sustentável, conservando o meio ambiente, agregando valor às cadeias dos produtos e gerando renda para as comunidades extrativistas. Assim, torna-se importante a busca de soluções e equipamentos de baixo custo que tornem os processos relacionados à base de produção destes frutos, incluindo o seu escoamento e comercialização, mais eficientes e com maior valor agregado, aproveitando-os de modo integral. Salienta-se que na literatura há extensa pesquisa relacionada aos frutos focos deste estudo, seja relacionada ao isolamento de seus componentes químicos, aspectos cosméticos, alimentícios, toxicológicos e de segurança. Contudo, nesse projeto almeja-se realizar estudos das partes subexploradas/residuais e pigmentos destes frutos, ainda pouco estudados, do ponto de vista químico, biológico e nutricional, para uso em setores alimentício e de cosmético. Ademais, por meio da confirmação das potencialidades para uso industrial das partes e dos pigmentos dos frutos supracitados, há a necessidade de se desenvolver processos que os tornem insumos industriais. Assim, pretende-se desenvolver, juntamente com a comunidade local, uma tecnologia social para obtenção destes materiais para comercialização, incentivando a valorização da sociobiodiversidade. Outro desafio é encontrar uma forma de promover a inclusão e acesso aos mercados dos insumos industriais obtidos pelas comunidades para a geração de renda. Para tanto, este projeto traz uma abordagem de estudo sistêmico desta cadeia produtiva pautada no desenvolvimento sustentável, envolvendo seus diversos atores: comunidades extrativistas das cidades de Mambaí e Flores de Goiás, indústria de cosmético (Luna GreenTech) e alimentícia(Labraflora), e governo (secretarias municipais e estadual de Educação). Portanto, nesta pesquisa pretende-se reduzir as barreiras relativas a esta cadeia produtiva, viabilizando o acesso ao mercado industrial (de cosmético e alimentício) e ao mercado institucional (por meio da política pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar –PNAE). A partir da articulação de um ecossistema de inovação sustentável, por meio da valorização do conhecimento ancestral da comunidade associado aos conhecimentos científicos, e da dinâmica dos mercados industriais e institucionais, este projeto apresenta uma potencial solução reaplicável de geração de renda para comunidades extrativistas do nordeste goiano a partir de práticas de impacto positivo quanto à conservação da natureza.